Queda e Fracassos de Médiuns…
Mas situemos desde já, dentre os diversos meios pelos quais os médiuns têm
fracassado, os três aspectos principais ou os três pontos-vitais que os precipitam
nos abismos de uma queda mediúnica etc.
Ei-los
I – A vaidade excessiva, que causa o empolgamento e lança o médium nos
maiores desatinos, abrindo os seus canais-medianímicos a toda sorte de influências
negativas.
II – A ambição pelo dinheiro fácil, exaltada pelo interesse que ele identifica nos
“filhos-de-fé” em lhe agradar, em lhe presentear, para pedir favores, trabalhos,
pontos, afirmações etc., que envolvem elementos materiais.
III – A predisposição sensual incontida, que lhe obscurece a razão, dada a
facilidade que encontra no meio do elemento feminino que gira em torno de si por
interesses vários e que comumente se deixa fascinar pelo “cartaz” de médiumchefe…
de “chefe-de-terreiro”, babá etc.
Como a coisa começa a balançar a moral-mediúnica desses aparelhos?
O 1º CASO – O da vaidade excessiva: uma criatura, homem ou mulher, tem o
dom mediúnico. Naturalmente que o trouxe de berço, isto é, desde que se
preparava para encarnar. Em certa altura de sua vida, manifesta-se a sua
mediunidade. Eis que surge o protetor – caboclo ou preto-velho.
Como no médium de fato e da Corrente Astral de Umbanda a entidade também
é de fato, é claro que ela faz coisas extraordinárias. Cura. Ajuda. Aconselha. Tem
conhecimentos irrefutáveis etc…
São tantos os casos positivos do protetor através da mediunidade do médium,
que logo se forma em torno dele uma corrente de admiração, e de fanatismo
também.
A maioria dos elementos que o cercam, diante das coisas que vêem, são levados
a agradar, a bajular, e com essas coisas, inconscientemente, vão-lhe incentivando a
vaidade latente. Isso de forma contínua. A maioria desses médiuns não estudam,
porque também não receberam ou não se interessam por uma preparação
mediúnica adequada. O protetor faz o que pode e deve (respeitando o livre-arbítrio), isso é, ensina,
doutrina, alerta pelos canais mediúnicos: na manifestação, nas intuições, nos avisos
etc.
Mas acontece sempre que o médium, devido a fortes predisposições à vaidade,
começa por não dar muita atenção aos conselhos, às advertências que o seu
protetor vem fazendo… chega a ponto de se julgar o tal, quase um “pequenodeus”.
Ele pensa que a força é dele… que o protetor é dele – é propriedade sua…
O médium vai crescendo em gestos, em palavras, pois que todos se acostumam a
acatá-lo em respeitoso silêncio, quando não, pelo medo ou por interesse próprio…
Vai crescendo a sua vaidade e logo começa a fazer exibições mediúnicas…
Ele começa a praticar uma coisa que será fatalmente a sua cova… Passa a
“trabalhar” sem estar corretamente mediunizado (ou seja, pede apenas a irradiação
do “guia” de sua preferência sobre ele). A sua entidade protetora pode usar certos
meios para manifestar o seu desagrado, mas respeita também o seu livre-arbítrio, é
claro… pois até as Hierarquias Superiores respeitam esta faculdade.
Então, começam os desatinos, as bobagens e as confusões e a respectiva falta de
penetração nos casos e coisas. Começa a criar casos, a ter preferências e outras
coisas mais. Não obstante as reiteradas advertências do protetor, ele continua… Eis
que surgem os “transtornos”. Os seus canais-mediunicos, dada a faixa-mental que
ele criou com os efeitos de sua excessiva vaidade, abre portas aos kiumbas, que
entram na dita faixa…
Daí tem início uma série de absurdos, de envolvimento negativos etc. O
ambiente do terreiro sai da tônica de outrora. Tudo se altera. Nessa altura o
médium percebe apavorado que o seu protetor mesmo – aquilo que era bom, foi
embora… deixou de sentir a positividade de suas fluidos benéficos…
No principio ele tem um tremendo abalo…depois…ah! depois, ele vai se
acostumando com os fluidos dos kiumbas etc., e mantém a sua excessiva vaidade
de qualquer forma… não quer perder o “cartaz”…
Porém, as curas, a antiga eficiência, não há mais… muitos percebem e dão o
fora… compreendendo que o “seu fulano não é mais o mesmo” e alguns até
passam a olhá-lo com desprezo… e se afastam ironizando dele, muito embora, no
passado, tenham se beneficiado com sua mediunidade.
O pobre médium que fracassou pela excessiva vaidade no íntimo é um sofredor,
muitos se desesperam com o viver da arte de representar os caboclos, os pretos-velhos etc… Enfim, ser um “artista do mediunismo” também cansa, porque a
“descrença” é o “golpe de misericórdia” em suas almas.
O 2o CASO – O da ambição pelo dinheiro fácil. Aqui é preciso que se note a
diferença entre o médium de fato que cai pela ambição desenfreada do vil metal e
do “caso” em que se incluem centenas e centenas de espertalhões, desses vândalos
que usam o nome da Umbanda e de suas entidades a fim de explorarem a
ingenuidade da massa, de todas as maneiras. Esses são bem reconhecidos… Seus
“terreiros” são enfeitados, há muita bebida, os “comes e bebes” são constantes, há
muita roupagem vistosa, enfim, esses “terreiros” se caracterizam pelos cocares de
penas multicores, pelos tais capacetes de Ogum, pelas espadas, pelas capas de
cores, pelos festejos que fazem sob qualquer pretexto, onde os médiuns exibem
tudo isso e mais os pescoços sobrecarregados de colares de louça e vidro como se
fossem “condecorações”… Tudo nesses ambientes é movimento, encenação,
panorama…
São verdadeiras arapucas, onde tudo é duvidoso. Por ali se paga tudo. Desde
uma consulta até um dos tais “despachos”, até as famigeradas “camarinhas” com
seus obis e orobôs para “firmar o santo na cabeça”… do paspalhão que acredita
nisso. Esses antros de exploração, que chafurdam o bom nome da Umbanda na
lama da sujeira moral e espiritual, são fáceis de ser reconhecidos. De vez em
quando os jornais dão notícias deles…
Mas voltemos ao caso do médium de fato, que fracassou pelo dinheiro…
É sabido que a Corrente Astral de Umbanda manipula constantemente a Magia
positiva (chamada de magia-branca) sempre para o bem de seus filhos-de-fé ou
para qualquer um necessitado, venha de onde vier…
A magia, dentro de certas necessidades ou casos, requer determinados
elementos materiais. São velas, flores, ervas, plantas, raízes, panos, pembas e até o
fumo e certas bebidas… O fato é o seguinte: quando há mesmo necessidade disso,
a entidade pede e a pessoa TRAZ, ou providencia, satisfazendo a Lei de Salva (O
que uma entidade pede, independente de seu médium, dentro da Lei de Salva, numa
operação mágica, é uma coisa. E o uso legal da Lei de Salva por um médium-magista, é
outra coisa. Em nossa obra a caminho do prelo “Umbanda e o poder da mediunidade”
está esclarecida, de vez, essa questão).
A coisa quando é manipulada pelas entidades – os caboclos, os pretos-velhos –
costuma sempre dar certo. O resultado é satisfatório… De sorte que quase todo
mundo que “gira” pelos terreiros, pelas Tendas, sabe disso. Daí é que entra na
observação do médium a facilidade, a presteza com que as pessoas se dispõem a
fazer um “trabalhinho” para o seu bem, para abrir ou melhorar seus caminhos,
etc….
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De princípio ele obedece tão-somente às ordens do seu protetor, quanto a esses
aspectos. Depois, através de presentes, de agrados diversos dos beneficiados, ele
começa a pensar seriamente na facilidade do dinheiro…
Então lança mão de uma chave: a questão da salva…em dinheiro para seu anjode-
guarda, para o cambono etc.
Aí, já começou a imperar nele a ambição pelo ganho fácil, por via desses
trabalhos… Então, começa a exceder a regra da salva (dentro da magia) e sobre a
qual ele já foi bem esclarecido, porque essa salva existe, na Umbanda em relação
com a Quimbanda. E como é isto? Diremos: o médium recebe ordens para fazer
determinado trabalho, reconhecidamente necessário, quer seja para um
“desmancho” de baixa-magia, quer seja para um encaminhamento ou
desembaraço qualquer de ordem material ou de um proveito qualquer, tudo
dentro da linha justa, isto é, que jamais implique no prejuízo de alguém… Quer
seja uma descarga, um “desmancho” ou proveito qualquer, se for manipulado
dentro da movimentação de certas forças mágicas e que impliquem em elementos
de oferenda para certas falanges de elementares, à pessoa para quem é feito esse
trabalho se pede a dita salva. Essa salva pode constar de certo número de velas ou
de azeite para iluminação ou para posterior uso do médium ou de uma
compensação financeira relativa, da qual parte deve ser dada de esmola pelo dito
médium, na intenção de sua guarda. Essa é uma lei da magia que existe, nós não a
inventamos, nem ninguém, e sobre a qual não podemos nos estender em detalhes
maiores.
Todavia, devemos esclarecer que essa lei de compensação da Magia, ou para os
trabalhos de cunho nitidamente mágico é indispensável. E uma espécie de fator
de equilíbrio entre a ação, a reação e o desgaste relativo ao operador (Então
repisemos: é claro que estamos fazendo referência aqui aos médiuns-magistas, isto é
aqueles que sabem e podem movimentar elementos de ligação mágica, para fins
adequados… Não estamos incluindo nisso essa “corja” de espertos, de exploradores que
interpenetram o citado meio umbandista, justamente para fazer meio de vida, criando a
indústria de umbanda. Porque essa “máquina” está montada e é impressionante
verificar como funciona.
E a propósito: Aqui cabe a todos os umbandistas dignos que felizmente existem aos
milhares, fazer a seguinte pergunta: que fazem essas tais “uniões, federações, primados,
confederações, colegiados e congressos” que, nunca jamais em tempo algum ousaram
levantar suas vozes em defesa da dignidade dessa mesma Umbanda, desses mesmos
caboclos e pretos-velhos, desses mesmos “orixás” que dizem representar…)
Na Umbanda, já o dissemos: essa lei (ou esse fator) se denomina Salva, e é tão
antiga que podemos identificar seu emprego entre os primitivos e verdadeiros
Magos e Sacerdotes Egípcios, com a denominação de Lei de AMSRA.
Disso também nos falam os Rosacruzes em seus ensinamentos ou instruções
internas (esotéricas).
Agora, compete ao magista, seja ele de que corrente for, não abusar, não
exceder, não ambicionar, não derivar para o puro lado da exploração…
Ora, o médium-magista então, ambiciosamente, começa a abusar disso. Começa
por se exceder na lei de salva, pedindo mais dinheiro. Passa a cobrar grosso em
tudo e por tudo. Inventa “trabalhos” de toda espécie, assim como “desmanchos” e
afirmações para isso e aquilo…
E os aflitos, os supersticiosos, os impressionáveis, os filhos-de-terreiro, dão e
sempre com prazer, visto esperarem sempre uma melhoria ou uma vantagem
qualquer por via disso (aliás a tendência da maioria das pessoas que freqüentam
“giras”, é pagar, gostam de o fazer).
Assim – ele, o médium – de tanto fazer trabalhos materializados, sempre por
conta própria, mas tudo relacionado com os “exus” (que é o espantalho para essa
maioria de ignorantes, de simples, de ingênuos etc.) e que envolvem materiais
grosseiros, acaba chafurdado na vibração pesada dos espíritos atrasados, que
passam a rondá-lo ou a viver em torno dele, ansiosos por esses tipos de
oferendas…
A sua entidade protetora, como sempre, já lhes deu vários alertas que ele não
levou na devida consideração, pois o dinheiro está entrando que é uma beleza…
E nessa situação o aparelho já está “cego e surdo” a qualquer advertência e o seu
caboclo ou o seu preto-velho, que, para ele, já são incomodativos, visto temer que
se manifestem mesmo de fato nele e levantem toda essa sujeira, desmoralizando-o
(como tem acontecido), se afastam e deixam-no envolvido com o baixo-astral, com
quem já esta conluiado… pois ele, o médium, tem o sagrado direito de usar o seu
livre-arbítrio como bem queira… já o dissemos.
Porém, chega dia em que esse infeliz aparelho necessita de uma firme proteção
para um caso duro e apela para a presença do verdadeiro guia e NADA… Abalado,
dentro de um tremendo choque, aterrado mesmo, ele verifica que os fluidos são de
exu e de outros, bastante esquisitos e que lhe causam mal-estar e que não tinha
percebido antes, claramente.
Alguns ainda param, fazem preceitos, para o anjo da guarda, enfim, pintam o
sete, para ver se o protetor volta… porém, NADA…
Então, comumente se deixam enterrar mais ainda nesses aspectos, porque afinal
de contas o dinheiro é coisa boa e traz muito consolo por outros lados.
Todavia, apesar da fartura do dinheiro fácil reconhecem depois de certo tempo
que é um dinheiro maldito… passam a viver com a consciência pesada, irritados e
sempre angustiados. O fim de todos eles tem sido muito triste… ou surgem
doenças insidiosas, ou os vícios para martirizá-los por toda a vida ou acabam seus
dias na miséria material, pois a moral já é uma cruz que ele carrega desde o
princípio de seu fracasso mediúnico…
3o CASO – A queda pelo fator Sexo. Esse é um dos aspectos
mais escabrosos, um dos mais escusos e uma dos mais difíceis de ser perdoados
pela entidade protetora…
É um caso que está intimamente ligado ao 1o, ou seja, o da vaidade excessiva.
Um se completa, quase sempre, com o outro, e às vezes os três juntos.
Temos em nossos 26 anos de Umbanda, assistido, constatado, identificado,
positivamente, a situação ou as condições de vários médiuns que caíram
desastrosamente por causa do elemento sexo…
É que esse é um dos fracassos mais duros de ser suportado, não resta a menor
dúvida, porque mais do que nos outros, a MORAL do médium fica na LAMA em
que ele se SUJOU. Por mais que eles digam e se desculpem de toda forma,
ninguém se esquece, ninguém consegue apagar da lembrança a causa do seu
fracasso….
É uma MANCHA, que, mesmo que ele tenha se regenerado completamente ,
mesmo assim, não se apaga…
Já dissemos como é que o médium de fato é logo envolvido pelas criaturas, com
admiração, bajulações e fanatismo. Ele sente um constante endeusamento em torno
de si e quase que sem sentir vai caindo na faixa da vaidade.
Particularmente (convém repetir) se sente muito visado pelo elemento feminino,
que tem a propensão para se deixar fascinar pela mediunidade, mormente quando
a vê num homem bem apessoado.
Bem, todo médium que trabalha na faixa da luz, no combate a todas as mazelas,
especialmente contra o baixo-astral – convém sempre que o lembremos – é avisado
constantemente pelas entidades protetoras de que sua regra de todo instante é o
“orai e vigiai”…
Agora devemos reafirmar duas coisas. 1a – Que nem todos os médiuns, por que
são da Corrente de Umbanda e por força dessa circunstância tem de lidar com os
efeitos do baixo-astral, tendem fatalmente a serem atacados, a serem envolvidos,
enfim, a fracassar… Não! Nos da corrente dita como kardecista, essas situações
também acontecem … “aqui como lá, maus fados há”…
Conhecemos também vários médiuns de fato que tem a proteção do seu
“caboclo, de seu preto-velho”, desde o princípio, há 15, 20 e mais anos. Nunca se
desviaram da linha-justa e nunca sofreram nada a não ser as naturais injunções ou
provações de seus próprios karmas…
A 2a reafirmação é a seguinte: que no caso de todos os médiuns fracassados, os
seus protetores muito lutaram para evitar as suas quedas; fizeram o possível e o
“impossível”. Muitos desses “caboclos, desses pretos-velhos”, chegam até a
disciplinar, a castigar mesmo o aparelho, antes do abandono final. Por vezes,
jogado numa cama, com pertinaz moléstia, por meses e até por um, dois e mais
anos.
Trecho do livro SEGREDOS DA MAGIA DE UMBANDA E QUIMBANDA
W.W. DA MATTA E SILVA (Mestre Yapacany)
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